Todos os anos são exatamente iguais: luzes coloridas piscando em toda a parte, mensagens sentimentais, promessas de dias melhores, promessas de pessoas melhores, correria para comprar presentes, aves congeladas e espumantes.
Em seguida, vem a outra maratona para conseguir chegar ao litoral depois de um congestionamento que toma várias preciosas horas, para pular as "ondinhas", comer romãs fazendo pedidos, assistir a qualquer queima de fogos, e, tudo isso usando a tradicional roupa branca. Sem falar sobre o consumismo, exacerbado, da época.
Bem, se me dispusesse a falar sobre consumismo cairia no lugar comum e renderia, além disso, dezenas de linhas a mais no texto.
Por este motivo, prefiro focar na "previsibilidade dos comportamentos".
Creio que em quase todas as culturas, há uma necessidade de fechar ciclos e preparar-se para novos acontecimentos os quais, invariavelmente, acreditamos que serão melhores no próximo ano.
A maioria das pessoas acredita que a melhor época para completar ciclos, simbolicamente, seja no final de nosso ano solar.
Portanto, repetir todos anos o mesmo comportamento traz a sensação de dever cumprido e certa tranquilidade mas, paradoxalmente, traz também ansiedade!
Explicando a ansiedade, tratam-se de rituais fugazes, mas que demandam muito tempo e recursos na sua preparação - e nem sempre temos tantos recursos financeiros e tempo disponíveis!
Nestes ritos pedimos sempre mais dinheiro, mais amor, mais realização profissional, harmonia em família e muitas outras coisas e nada pode ser esquecido!
Além dos pedidos, haverá sempre as promessas feitas de coração para nós mesmos, porém, estas são mais difíceis de realizar...
Lembra-se sobre "repetir comportamentos"?
Depois das comemorações e de volta à rotina da vida real, a tendência é que estes se repitam, pois não há mudança pessoal significativa apenas pelo fato de arrancarmos a última folha do calendário. Neste caso, arrastaremos as atitudes positivas e negativas inerentes de cada um, para o novo ano com seu previsível e cansativo final.
Assim, algumas pessoas como eu, vivem o início e o fim de um ano da mesma forma, ou seja, pela ótica dos "acontecimentos cíclicos naturais" apenas.
Por mais simbólicos que sejam os rituais chamados de Festas, o que vai determinar o sucesso dos dias que virão é a maneira como agiremos em cada um deles.
Não faz diferença ser novo ou velho o ano, se temos sempre as mesmas atitudes diante da vida, os mesmos conceitos e opiniões - independente se serem ou não obsoletos.
Acredito que a mágica só é possível a partir de uma consciência de que não existe mágica.
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