segunda-feira, 18 de maio de 2015

"Fiquei magoado, não por teres mentido, mas por não poder voltar a acreditar-te." Friedrich Nietzsche

Muito já foi dito sobre traição e até mapeados os possíveis motivos que levam as pessoas a traírem, entretanto quando falamos sobre o tema, podemos tentar enxergá-lo de maneira mais abrangente. Será que a traição acontece da forma como sempre acreditamos e nas situações que sempre acreditamos? Será que há culpados? Será que existe "traído" e 'traidor"?
O texto a seguir, tem o objetivo de provocar uma reflexão acerca desta atitude reprovável e temida por muitos, mas que a maioria das pessoas já experimentou em vários momentos e tipos de relacionamentos.

Em primeiro lugar, é importante pensarmos sobre uma das principais motivações humanas: a SEGURANÇA! Precisamos nos cercar de certezas e nos sentir seguros. Buscamos esta confiança em pessoas, situações, coisas, empresas, etc. Quase como um capricho, exigimos ser atendidos nesta necessidade e na verdade consideramos natural que todos tenham o mesmo conceito sobre isso.

Contudo, muitas vezes nos esquecemos de um "detalhe"... Esta situação ideal de estabilidade envolve outras coisas ou pessoas sobre as quais não temos nenhum poder. Em outras palavras, "terceirizamos" a segurança da qual precisamos e com isso ficamos vulneráveis.
Quando nos sentimos fragilizados e inseguros, tendemos a nos anular ou evitar exposição e contendas com o objetivo de resgatar ou garantir esta segurança que pensamos ser real.

Quando nos anulamos, passamos a viver por outras vidas em detrimento da nossa. A anulação, aliás, pode ser muito mais comum do que imaginamos, sendo o comprometimento com si mesmo rotulado de "egoísmo" pelo senso comum e então vem a culpa... Mas isso fica para outro momento.
Tendemos a criar papéis e personagens de acordo com a situação e a expectativa de outras pessoas. Quando evitamos defender nossas posições para não desagradar quem quer que seja, estamos implorando por aceitação e, novamente, abrindo mão de nosso EU verdadeiro.

Então, onde começa a traição?

Considerando os fatos acima, somos nós os primeiros a nos trair de uma maneira talvez inconsciente, mas totalmente comprometedora que reverbera em todas as áreas da nossa vida e até das vidas de outras pessoas.

Nos relacionamentos amorosos, por exemplo, traímos quando mentimos sobre nossos sentimentos por alguém por apego, medo da solidão ou até mesmo por um motivo considerado "nobre" como poupá-lo de mágoas, mas surpreendendo-o mais tarde com a verdade crua quando a situação ficar insustentável. Quando não nos mostramos verdadeiramente a quem amamos damos margem às falsas impressões ou expectativas que resultam em decepções - e mais traições! O fator caráter – ou a falta dele – também deve ser considerado, mas isso também fica para outra história.

Quando somos transparentes, garantimos o direito de escolha do outro, sobre querer ou não conviver com a nossa verdade. Da mesma forma, asseguramos o nosso direito de viver uma vida que pode não ser a "ideal", com a pessoa que consideramos ideal em nossa fantasia, mas que será uma vida autêntica! Além disso, sendo honestos primeiramente com nós mesmos, podemos encontrar pessoas que de fato nos aceitem como somos, sem máscaras e mentiras. Isso é o mais próximo da "segurança" e evita a ansiedade!

E na vida profissional? Traímos, quando aceitamos o conforto do que já é familiar para nós, mesmo sendo uma atividade que não nos representa, que não nos impulsiona e não gera nenhum tipo de desenvolvimento individual ou coletivo. Assim, nos tornamos negligentes recebendo como resposta - e na mesma medida - a indiferença, a insegurança, a escassez e invariavelmente a mesma deslealdade. 
Ao sermos fiéis à nossa essência, ao conhecermos nossos limites e termos a coragem de abrir mão de um trabalho que não é relevante em nossa vida, buscando realmente a nossa Missão, quando vivemos de acordo com nossos valores à despeito até da necessidade de um salário, estamos sendo honestos e "desapegando da insatisfação".

Não menos importante, na vida social e familiar, nos traímos quando tomamos decisões baseadas no julgamento e conceitos das outras pessoas e em seus "certos e errados".
Aceitar que a segurança e aceitação as quais buscamos fora de nós não são reais, pode ser um ponto de partida para elevar a nossa autoconfiança, pois esta é perene e independente... É aquilo que podemos contar! Na verdade, a única pessoa com a qual podemos contar a qualquer momento somos nós mesmos e precisamos estar fortes para nos atender, sempre que precisarmos.

A reflexão é sempre mais fácil que as ações que provocam as mudanças efetivas, mas sem ela agimos automaticamente, sem questionamentos e sem compreender a raiz dos nossos problemas, ainda mais quando se tratam de situações que machucam, como as trazidas - superficialmente - neste texto. 



segunda-feira, 7 de abril de 2014

A festa da sua vida

Imagine que uma festa esteja acontecendo em sua casa. Trata-se de uma grande festa bem organizada, porém sujeita a acontecimentos não planejados, como em qualquer evento. Muitas pessoas estão chegando, convidadas ou não, e algumas já estão lá. Entre elas, estão as pessoas mais importantes de sua vida, como seus pais, avós, tios, irmãos, filhos, amigos, namorado(a) ou cônjuge, e quem mais você considerar desta forma. Como você é uma pessoa generosa e tem boa memória, não se esqueceu de convidar ex-namorados(as) – ainda que isso pudesse comprometer seu atual relacionamento! –professores antigos, colegas de trabalho, ex-colegas de trabalho, seus gestores antigos e atuais. Você também convidou meros conhecidos, mas que em algum momento tiveram participação positiva - ou não - em sua vida, e outros apareceram sem ser convidados.
Imagine agora, que cada uma destas pessoas tenha levado um prato de doces diferente, além dos escolhidos e comprados por você. Ao longo da festa, você experimenta vários destes doces... Alguns são bonitos de olhar, mas tem um gosto péssimo. Outros doces além de bonitos são deliciosos enquanto outros não têm uma aparência convidativa, mas são igualmente deliciosos. Alguns deles você até ficou com desejo de experimentar, porém, achou que não te fariam bem e não provou. Outros foram oferecidos a você e degustados por delicadeza, porém sem vontade.

Aos poucos os convidados foram embora, no entanto, para você a "festa" iria continuar no dia a dia já que percebeu que sobraram muitos doces. Na hora de guardá-los na geladeira, você os distribui por todos os espaços livres e ela fica lotada. Algum tempo depois, alguns doces foram consumidos, alguns se deterioraram, outros, ficaram escondidos nos espaços da geladeira e lá permaneceram. No entanto, e apesar de não vê-los você sabia que ainda continuavam lá. Você continuou comprando alimentos e guardando-os na sua geladeira, junto com os doces, mas sem esvaziá-la ou higienizá-la, isso, devido às atividades do dia a dia que tomam muito de seu tempo e a geladeira definitivamente não é prioridade...

Sem se dar conta ainda de que os demais doces estariam com seus prazos de validade quase vencidos, continuou mantendo-os em sua geladeira, afinal foram trazidos e oferecidos a você por pessoas as quais você ama, por outras pelas quais tem consideração, carinho e respeito, ou simplesmente gratidão por terem lhe prestado algum favor. Os demais doces comprados por você, além de terem custado dinheiro, foram difíceis de encontrar e transportar. Não achava justo se livrar de todos eles, mesmo porque te fizeram feliz num passado recente e havia guardado mesmo aqueles que você não gostou do sabor, não somente por serem bonitos e coloridos mas por terem sua representatividade. Então, sem perceber, comeu alguns doces que já estavam vencidos, o que provocou uma intoxicação alimentar.

Sem ânimo para fazer a limpeza necessária e sem saber o que fazer com os excessos, chegou um momento em que a situação ficou crítica já que a geladeira estava lotada, com os doces deteriorados e sem nenhum espaço para alimentos frescos. Neste momento, você decide que está na hora de fazer a limpeza, de se livrar do que não serve mais, ainda que o cansaço lhe domine e nem saiba por onde começar.

Agora, de volta à realidade...

A festa neste caso, representa a sua VIDA e a geladeira a sua MENTE. Os doces representam todas as crenças e conceitos adquiridos através de experiências boas e ruins que podem ser suas, ou de outras pessoas as quais você teve conhecimento. Além disso, suas próprias convicções, construídas ao longo do tempo e de acordo com suas escolhas e situações, opiniões, sugestões e conselhos recebidos por todas essas pessoas que tiveram contatos com você - tenham sido eles intensos ou superficiais.

A despeito da comparação um tanto inusitada, pode-se ilustrar o que acontece quando não limpamos nossa mente de conceitos obsoletos, de padrões de pensamentos já deteriorados ou de crenças que não nos servem mais, porque ”aprendemos assim”, porque “nossos antepassados faziam desta forma” e somos fiéis a eles, ou por nossas experiências traumáticas. Com isso, vivemos muitas vezes destinos que não são nossos, limitamos nosso processo evolutivo em função até de experiências vividas por outras pessoas pelo péssimo costume que temos de acreditar que as situações se repetem para todos da mesma forma, como se seguissem obrigatoriamente um padrão e sem considerarmos as tantas variáveis existentes.

Muitas vezes, deixamos de conceber o novo pelo desejo – consciente ou inconsciente - de sermos aprovados e aceitos pelo meio em que vivemos, ou para exibir uma aparente felicidade. Retemos tudo o que nos é oferecido ou imposto para nos cercarmos de uma segurança muito relativa e para nos isentarmos da responsabilidade por nossas próprias vidas. Mas, que tal de tempos em tempos, planejarmos “festas” diferentes, convidar pessoas diferentes que tragam doces melhores e na medida certa. E se houver sobras, podemos consumir os que forem mais gostosos, aprender a fazer outros para os dias que tivermos vontade ou oferecer alguns para as pessoas que os aceitarem. Os demais? Dispensaremos, simplesmente, e antes que fiquem deteriorados e impossíveis de serem consumidos e oferecidos.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Reflexão

Segundo pesquisas, mulheres ganham em média 30% menos que homens, no Brasil, mesmo possuindo nível universitário. A partir desta afirmação, comecei a pensar no lado "menos lógico" e mais reflexivo desta realidade, considerando até os contos de fada. Nós mulheres, somos educadas para esperar um príncipe encantado. Eu disse "esperar" não buscar! Não basta ser um príncipe bonito... Ele precisa ser forte, destemido, além ter uma boa perspectiva de futuro... Tornar-se rei! e morar em um castelo para nos proporcionar uma vida de princesa - ou rainha! Somos estimuladas a pensar assim, até nos livros de histórias desde a mais tenra idade. Criamos uma espécie de ideal romântico do príncipe que nos cuidará e sustentará para sempre! Do outro lado, muitos homens - a maioria! - são criados para serem os príncipes e provedores, pricipalmente provedores. É assim desde os primórdios e em um tempo que nossos antepassados "machos" saíam para caçar e viviam situações de extremo risco, necessárias para garantir o sustento de seu grupo, enquanto as mulheres permaneciam em segurança nas cavernas. Pois bem, voltando para os nossos dias, os comportamentos ou conceitos não mudaram muito desde então. Muitas mulheres continuam desejando ser sustentadas por homens e se trabalham, querem que, no mínimo, eles ganhem mais que elas, pois este é o padrão. Eles também através de status e do poder que o dinheiro traz, fazem questão de manter sua posição de machos dominantes. Vivemos sob padrões sociais e qualquer movimento de mudança destes gera um desconforto, tanto para quem inicia o movimento, como para quem é resistente à ele por vários motivos - inclusive o fato de não terem a consciência de que repetem comportamentos que consideram verdadeiros, pois "sempre foi assim". É claro que existem aquelas mulheres que "bancam" sozinhas suas casas e famílias, porém e intimamente, gostariam de ter seu príncipe salvador batendo em suas portas. Pensando desta forma, e apenas elucubrando sobre o assunto, será que as mulheres continuam nesta posição menos privilegiada em termos salariais, pelo inconsciente (ou consciente) coletivo que aprova e acha natural o estereótipo da "fêmea frágil" que precisa ser cuidada e sustentada pelo sexo forte? Será que isso explicaria ainda o fato das empresas, quando estão diante da possibilidade de uma promoção entre duas pessoas de sexos diferentes, optarem por quem, via de regra, sustenta e por este motivo se entrega mais, mergulha fundo e está sempre pronto para a batalha? Não sei. Mas... Pensei nisso.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Essência

Pessoas buscam a felicidade. Algumas buscam da forma correta, outras nem tanto... Você deve estar se perguntando, existe uma “verdade absoluta” ou método correto para se buscar a felicidade, ou ainda, que visão crítica o bastante nos concederia tal propriedade para definir qual a forma correta para buscar a “felicidade”? Cada pessoa tem necessidades e pontos de vista diferentes, de acordo com suas expectativas e a partir de suas experiências pessoais boas e ruins ao longo da vida. Experiências únicas obtidas através do meio ou cultura em que vive e da educação recebida, entre outras coisas, mas que foram responsáveis pela construção de seu caráter e definiram seu padrão de comportamento – e pensamento. Existem poucas verdades absolutas e estas não se aplicam neste contexto. Contudo, quanto mais ampla e crítica é nossa visão, mais descobrimos que à medida que somos fiéis a nós mesmos e à nossa “essência”, mais próximos estamos da felicidade! Aí está um indício de que podemos discernir entre a forma certa e a errada de buscá-la. O erro que cometemos tantas vezes, portanto, é buscar a felicidade e realização fora de nós. Quando não ouvimos nossa voz interior e não somos fiéis à nossa essência, reproduzimos os modelos que nos parecem ideais, mas que não nos satisfazem verdadeiramente por não terem sido escolhidos e planejados por nós! Quando não estamos alinhados com a nossa essência, os caminhos parecem mais perigosos e inseguros e a cada passo surgem novos obstáculos. É certo que dificuldades e obstáculos sempre existirão, mas a diferença está no fato de parecerem muito maiores do que são na realidade, quando estamos percorrendo o caminho que não é nosso. Os padrões de comportamento e pensamento contribuem para que fiquemos presos em situações que não queremos, que não nos representa, simplesmente por elas serem familiares e “seguras”. Somos viciados em uma segurança que na verdade não existe. Mesmo assim, essa sensação "confortável" nos afasta de nosso caminho. Uma vez que iniciamos o processo de identificação do que faz parte de nossa essência e o que não faz, do que nos pertence e do que foi adquirido ou imposto por inúmeras situações, nos tornamos conscientes e donos do nosso destino. Desta forma, quando passamos a viver unicamente dentro de nossa essência, a felicidade torna-se uma consequência diária e uma conquista legítima e permanente.

domingo, 22 de abril de 2012

... E o espelho sempre responderá: "Tu és a mais bela!"

Um dia, todas nós olhamos no espelho e vemos uma imagem que reflete o que não gostamos ou negamos ser.
Este momento se repete a cada fase de amadurecimento, espontâneo ou não.
Amadurecemos muitas vezes na vida, naturalmente, e respeitando cada ciclo e acontecimentos que podem antecipar as mudanças. Todas as vezes que isso acontece, chega também a angústia de termos que conviver com uma desconhecida... Nós mesmas em outra "versão".
Confuso?
Sim, e é como nos sentimos!
Precisamos dessa estranha em nossas vidas. Ela que chega com a mesma essência, mas que traz óticas diferentes e propostas de novos comportamentos ou renovação de atitudes. Ela sabe bem o que não queremos e não precisamos mais em nossas vidas. No entanto, como dói desapegar-se mesmo daquilo que intimamente sabemos não nos pertencer mais!
O conflito interno está justamente em manter-se fiel ao que consideramos familiar, confortável e seguro. Isso, no entanto, não é nenhuma novidade... Chegando a quase ser um clichê!
Muitas vezes o que nos parece familiar e confortável, é nocivo e não tem nada de seguro! Quando não abandonamos o "familiar", pode ser fatal - figurativa ou literalmente falando!
Exagerado? Talvez...
Quando, porém, nos despedimos do que não nos atende mais, ainda que pareça seguro, temos a sensação de estarmos abandonando à nós mesmas. Daí a dor - inconsciente ou não - da perda. Esta nossa "perda" é, na realidade, o nosso presente difícil de identificar em princípio, mas incrível de se conviver dos dias que virão, até o próximo choque no espelho.


 
Texto baseado na vida e conflitos reais, de uma amiga nada imaginária.


terça-feira, 8 de março de 2011

"É meu, eu vi primeiro e ninguém tasca!"

Inspirada por pessoas amigas e queridas que me contam - vez ou outra - alguns de seus dilemas, fiquei pensando sobre um dos sentimentos de posse tão comum e decidi "elucubrar" sobre ele... Ciúme!

Vamos no entanto, desconsiderar os casos de possessivos por interesses egoístas, de todos os que sofrem de alguma psicopatia em seus vários níveis, os que são apenas acomodados e avessos a mudanças e os inseguros que sentem-se "incapazes" de manter uma conquista, de se fazerem amar e por isso tornam-se possessivos, necessitando de provas constantes de amor e atenção.

Isso é difícil de administrar - e de aguentar!

Pensando nas demais pessoas...

Sempre ouvi dizer que o ciúme não é sinônimo de Amor.
Eu, particularmente, não concordo!

Quem não ama não sente ciúme - não sente nada, aliás.
Contudo, não estou aqui para fazer apologia a um sentimento que muitos - e até eu mesma - percebem como negativo e muito desconfortável, tanto para a "vítima" como para o "algoz".

Acho válido porém, pensar em um ou outro motivo pelo qual este sentimento nos acometa.

Conheço pessoas lindas, cultas, com futuro promissor e que ficam inseguras - se podemos chamar assim! - cada vez que estão muito apaixonadas... E também vivem no limite entre a realidade e a fantasia nesta fase.

Todos têm formas diferentes de expressar o amor, e, alguns podem expressá-lo sendo possessivos ou supervalorizando o outro em detrimento de si mesmos. Creio que esta supervalorização do outro também seja um sinal de "doação".

Você deve estar dizendo: Não! É sinal de baixa autoestima!

Eu não concordo, mais uma vez!

Alguém que valoriza uma pessoa ao ponto de temer terrivelmente a sua perda, está se doando e espera a mesma "devoção" de volta. Portanto, se ele - ou ela - espera o mesmo sentimento em troca, é porque se considera merecedor ou merecedora dele. Logo, sua autoestima está em ordem!
No entanto, neste momento a fantasia entra e elas acreditam que estão se doando em vão e começam todas aquelas suspeitas e crises já conhecidas.

Creio que o ciúme, seja uma questão de maturidade - independente da idade! Existem pessoas que nunca conseguem abandonar este sentimento - ou vício e de repente estes exagerem um pouco quando atribuem o ciúme ao amor.

Quando entendemos as necessidades de quem amamos e quando ele - ou ela - nos sinaliza tais necessidades com clareza, é possível relaxar e encontrar o equilíbrio entre o amor-próprio e o amor pelo outro. A medida que vamos descobrindo o que esperar do relacionamento, conseguimos impor limites para nós e para a outra pessoa, sem dramas, sem neuras.

Enfim, relacionamentos continuam sendo complexos, mas deliciosos - com ou sem ciúme.

Mas... No fundo, no fundo, todo mundo gosta de ver o outro sentindo "ciuminho"!

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Redefinindo

A maioria das pessoas define o AMOR como um estado permanente de romance e paixão.
Esperam sentir arrepios e taquicardia toda vez que encontram o "príncipe" ou "princesa encantada".

Os romances vividos nas telas de cinema até podem corresponder à verdade durante um certo tempo. Mas o fato é que nos filmes, após o encontro definitivo do casal com jeito de "felizes para sempre" não é mostrado o desenrolar do romance ou o dia a dia das pessoas envolvidas.

Ninguém os vê brigando por coisas bobas, como a tolha molhada em cima da cama, ou a cara dela - como a de Linda Blair em "O Exorcista" - quando a sogra dá uma alfinetada.

Sabe, ouço muita gente dizer: "Ele - ou ela - é ótima pessoa, me ama, me considera, está sempre presente, é um bom pai - ou uma boa mãe - é amigo, fiel... Mas não existe "aquela Paixão".

"Tsc, tsc, tsc"

A base do amor é a admiração, certo? Desta forma, alguém que reconhece tantas coisas boas no outro certamente o ama!

Paixão é o momento em que estamos de bem com nós mesmos! Já repararam que quando estamos eufóricos e de bem com a vida, ficamos mais propensos a gostar das pessoas?
Ninguém fica flutuando quando está cheio de problemas para resolver ou se sentindo feio e triste.

Além disso, paixão pode ser conseguida com umas duas taças de vinho e uma ida ao sex shop!

Portanto, não nos deixemos confundir.
Se deseja uma relação sólida, procure alguém sólido.
Se deseja sensações quentes mas voláteis, procure alguém com as mesmas características.
Mas no fim, sempre escolha o Amor tranquilo e constante... É ele que nos faz feliz!

domingo, 30 de janeiro de 2011

Afinidades


Quais as chances de alguns amores darem certo?
Vamos imaginar algumas situações, apenas...
Ele alpinista, ela consultora de moda.
Ela ativista ambiental, ele dono de indústria de produtos químicos.
Ele chef de cozinha, ela anoréxica.
Ela agnóstica, ele protestante fanático.
Ele anarquista, ela simpatizante de regimes totalitários.
Ela pianista clássica, ele vocalista de grupo de pagode.
O exagero das comparações - até um pouco clichês - é uma forma de enfatizar que o amor raramente sobrevive sem o respaldo das afinidades. No entanto não podemos nos apegar em falsas afinidades, também..
O fato de gostarmos do mesmo prato e estilo musical, ou das mesmas atividades físicas que o nosso par, não é garantia de sucesso e durabilidade da relação.
Estes valores isolados são superficiais. É preciso mais que isso, eles devem ser mais abrangentes e profundos como ter o mesmo nível de espiritualidade - que independe de religiosidade - e os mesmos valores morais, além do respeito à natureza do outro e todas aquelas coisas básicas que sabemos. Porém, penso que devemos ter principalmente afinidades de cunho prático.
A forma como agimos no dia a dia, nossas metas a curto e médio prazo devem prevalecer.
Ou seja, a vida e o comportamento devem ser parecidos nas coisas mais simples como horários, planos para o final de semana, relações familiares, maneira de gastar o dinheiro, ritmo e frequência sexual, modo de educar os filhos, entre outras coisas.
Sabemos o quanto isso é difícil!
Os opostos podem até se atrair, mas não conseguem manter um relacionamento depois que a paixão não passa mais por altas temperaturas.
No entando, existem as concessões que fazemos para que o relacionamento se torne viável, mesmo quando as afinidades não superam o amor.
O amor realmente tudo pode, mas é preciso estar aberto às mudanças de atitude da mesma forma que nos abrimos ao sentimento.
Amar egoisticamente é igual a comandar sozinho ou ser escravizado.
Nos relacionamentos entre pessoas sem afinidades é natural que um queira impor suas próprias vontades e necessidades em detrimento das vontades e necessidades do outro e esta é a única forma de fazer com que a relação sobreviva.
Resta-nos apenas escolher qual posição tomaremos, caso tenhamos uma união assim.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Amável Solidão

Em cenas de infância, lembro-me de remédios aparentemente intragáveis os quais deveria tomar para
ficar melhor ou me livrar de uma dor. Quando minha mãe se aproximava trazendo-os (tema principal da trilha sonora do filme Tubarão) eu já fazia a "careta" antes de abrir a boca e ao mesmo tempo fechava os olhos para tentar diminuir o sofrimento.
Mas algumas vezes o gosto era realmente bom! Eu abria os olhos e sorria - surpresa!

Hoje, frequentemente, ainda fujo dos "remédios ruins" - ou fecho os olhos para tentar diminuir o sofrimento. (risos)
O tempo nos faz mais experientes, mas alguns temores parecem atravessar décadas ao nosso lado com a mesma intensidade, como o medo da solidão por exemplo.

No entanto, a cena de infância repetiu-se em minha vida adulta recentemente.
A solidão que causava desconforto, é para mim neste momento o remédio aparentemente intragável, necessário para curar minhas dores profundas e com ótimo sabor no final. Mesmo em altas doses, não me faz sentir triste ou insegura.
Não a solidão.

Há meses sem vida social e sem qualquer relacionamento afetivo, como nunca havia ficado - e por opção - descobri que a solidão não é tão amarga. Ela me conforta e me aproxima de mim. Consigo sorrir para ela, compreendê-la e muitas vezes até procurá-la nos momentos em que ela parece querer me deixar, por influências externas. (risos)

Não sei quando voltarei à vida que todos acham plausível viver e cujos "remédios" resumem-se em agitos sociais, turbilhão de emoções, conquistas românticas - efêmeras ou não - e tudo o que é considerado "normal" pela maioria das pessoas e seus padrões de comportamento.

Desta forma, sei que o tratamento involuntário mas necessário, tem me ensinado muitas coisas sobre mim.
Ele tem o poder ainda de me fazer gostar mais do que eu sou e de me mostrar o que eu não gosto mais e tenho urgência de mudar.

Acho que todos, alguma vez na vida, devem sentir a solidão ao redor - fiel e "companheira". (risos)

domingo, 5 de dezembro de 2010

Festas e Rituais de final de ano - "Bullshit" !

Todos os anos são exatamente iguais: luzes coloridas piscando em toda a parte, mensagens sentimentais, promessas de dias melhores, promessas de pessoas melhores, correria para comprar presentes, aves congeladas e espumantes.

Em seguida, vem a outra maratona para conseguir chegar ao litoral depois de um congestionamento que toma várias preciosas horas, para pular as "ondinhas", comer romãs fazendo pedidos, assistir a qualquer queima de fogos, e, tudo isso usando a tradicional roupa branca. Sem falar sobre o consumismo, exacerbado, da época.

Bem, se me dispusesse a falar sobre consumismo cairia no lugar comum e renderia, além disso, dezenas de linhas a mais no texto.
Por este motivo, prefiro focar na "previsibilidade dos comportamentos".

Creio que em quase todas as culturas, há uma necessidade de fechar ciclos e preparar-se para novos acontecimentos os quais, invariavelmente, acreditamos que serão melhores no próximo ano.
A maioria das pessoas acredita que a melhor época para completar ciclos, simbolicamente, seja no final de nosso ano solar.
Portanto, repetir todos anos o mesmo comportamento traz a sensação de dever cumprido e certa tranquilidade mas, paradoxalmente, traz também ansiedade!

Explicando a ansiedade, tratam-se de rituais fugazes, mas que demandam muito tempo e recursos na sua preparação - e nem sempre temos tantos recursos financeiros e tempo disponíveis!
Nestes ritos pedimos sempre mais dinheiro, mais amor, mais realização profissional, harmonia em família e muitas outras coisas e nada pode ser esquecido!
Além dos pedidos, haverá sempre as promessas feitas de coração para nós mesmos, porém, estas são mais difíceis de realizar...

Lembra-se sobre "repetir comportamentos"?
Depois das comemorações e de volta à rotina da vida real, a tendência é que estes se repitam, pois não há mudança pessoal significativa apenas pelo fato de arrancarmos a última folha do calendário. Neste caso, arrastaremos as atitudes positivas e negativas inerentes de cada um, para o novo ano com seu previsível e cansativo final.

Assim, algumas pessoas como eu, vivem o início e o fim de um ano da mesma forma, ou seja, pela ótica dos "acontecimentos cíclicos naturais" apenas.
Por mais simbólicos que sejam os rituais chamados de Festas, o que vai determinar o sucesso dos dias que virão é a maneira como agiremos em cada um deles.
Não faz diferença ser novo ou velho o ano, se temos sempre as mesmas atitudes diante da vida, os mesmos conceitos e opiniões - independente se serem ou não obsoletos.

Acredito que a mágica só é possível a partir de uma consciência de que não existe mágica.